#6 – Estratégias Quant? O que isso significa?

Caso você esteja um pouco familiarizado com a bolsa de valores, já deve ter ouvido falar dos dois tipos de análises utilizados para tomar decisões de investimento em ações: a análise fundamentalista e a análise técnica.

A análise fundamentalista é usada para entender os fundamentos das empresas e avaliar aspectos importantes como a estrutura de capital, geração de caixa, níveis de endividamento, rentabilidade, eficiência operacional etc. As duas maneiras principais de se fazer isso são por meio da análise de múltiplos e pelo valuation, que consiste em tentar encontrar o preço justo para uma ação, também chamado de valor intrínseco.

As técnicas aplicadas nessas análises ajudam a compreender se os preços praticados no mercado estão altos, baixos ou justos. Com base nisso toma-se a decisão de comprar ou vender determinadas ações, sempre com foco no longo prazo.

A análise técnica, por outro lado, não se preocupa com o valor intrínseco das empresas. O interesse principal é obter ganhos com a oscilação dos preços, independente de qual for a ação ou da área de atuação da companhia. As oscilações nos preços das ações são provocadas pelas expectativas dos investidores, que podem ser influenciadas por otimismo, pessimismo, euforia ou pânico, por exemplo.

As ferramentas da análise técnica conseguem capturar os sentimentos dos investidores nas variações diárias dos preços. Isso torna a análise técnica muito interessante, pois nos permite ajustar o timing de compra e venda com base no comportamento dos participantes do mercado. Para isso, utilizam-se dois tipos de análise: A análise gráfica, que consiste basicamente na observação e identificação de padrões nos gráficos das ações, e a análise computadorizada, que é base da análise quantitativa (a parte divertida de tudo isso).

A análise quantitativa, ou quant, se baseia na construção de modelos matemáticos e estatísticos capazes de aplicar as ferramentas das análises fundamentalista e técnica em centenas de ações em questão de segundos ou minutos, dependendo da complexidade do modelo. Tudo isso graças a evolução da tecnologia e da capacidade de processamento de dados.

Aliás, a análise quant vai muito além disso, pois nos permite incorporar muitas outras técnicas, como a criação de modelos preditivos, estudos de variáveis macroeconômicas, variáveis de mercados internacionais que afetam as ações da nossa bolsa de valores, dados do clima, análise de textos de redes sociais e muitas outras coisas.

Os modelos quant fazem em segundos o que uma pessoa levaria semanas para fazer e esse foi um dos fatores que impulsionou o surgimento dos robôs. Sim, os robôs investidores!

Na prática, se existe a possibilidade de fazer a análise de uma ação em segundos, como dito anteriormente, basta fazer com que o robô realize a mesma análise diversas vezes por dia utilizando dados intra-diários, ou seja, cotações a cada um, cinco, quinze ou sessenta minutos.

O objetivo de tudo isso é desenvolver algoritmos capazes de identificar padrões nas séries de preços que possibilitem a criação de estratégias bem definidas que sinalizem os melhores momentos para comprar ou vender as ações, além de gerar informações sobre a probabilidade de uma operação dar certo ou errado ou o risco de perda, por exemplo.

Os modelos quant, portanto, eliminam opiniões e sentimentos de otimismo ou pessimismo das decisões de investimento. Além disso, auxiliam os investidores a gerenciar o risco de forma muito mais eficiente.